Preá, meu amor.

Preá, meu amor.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Simba x Rex


Preciso contar a vocês o que aconteceu comigo. Não sei quem são meus pais. O que me lembro é que desde pequeno morava com uma senhora na Rua Mário Miró, no Cajuru. Eu não saía à rua e assim mesmo assustava muita gente por causa do meu tamanho. Não que eu seja violento. Até que sou um rapaz simpático e boa pinta, mas o meu tamanho e a minha voz forte assustavam. É que eu me jogava contra o portão com muito ímpeto.Lembro-me que naquela época passava por ali uma mulher com seu cão na guia, era o Preá. Ele era pequeno e eu, só para me divertir, jogava-me contra o portão. Ela se assustava, pegava o Preá no colo e saía correndo. Eu ficava rindo a mais não poder. E não era só ela.Muitas outras pessoas tinham medo de mim. Bom, deixa eu explicar melhor. É que sou um cão. Acho que um dos meus ancestrais era "dog alemão", mas não tenho certeza. Como já disse, vivia com uma senhora, mas um dia ela foi embora e deixou-me com os que moravam ali também. A partir daí comecei a ir para a rua. Começou então, para mim, uma nova experiência de vida. Agora eu era livre, podia ir atrás das namoradas. Isto era muito bom, porém tinha um outro lado ruim. Comecei a perambular pelas ruas, ficava com fome, com sede. Voltava para casa, mas ali já não se importavam comigo. Passei a ser um andarilho. Comecei a sentir-me abandonado. Descobri que se eu parasse na casa de um cara que tinha uma porção de cães, ele me daria comida. Comecei a fazer isso. Antes de ir para a "minha casa" passava na casa do cara, fazia uma boquinha e ia dormir. Isso durou muito tempo. Agora, recentemente, por vários dias eu estava atrás de uma namorada, junto com um monte de outros cães. Mas bateu a fome. Vários dias sem comer. Estava fraco e machucado. Pensei: "pô, desse jeito vou morrer." Resolvi então ir à casa do cara, hoje ele é meu amigão. Amigão mesmo! Ele me recolheu. Deu-me comida, água e, pasmem, levou-me para o hospital. Sim, porque cães também têm direito a hospital. Fiquei internado alguns dias. Fui tratado com muito carinho, mas também fui castrado. Só que valeu a pena. Meu amigão levou-me de volta para a minha antiga casa, mas os responsáveis (ou irresponsáveis) por mim não se importaram e lá começou tudo outra vez. Lá estava eu na rua novamente sem comida, sem água, sem carinho, sem respeito. Fou aí que meu amigão me botou no carro outra vez. Pensei: "Lá vou eu para o hospital de novo." Mas, não. Desta vez ele levou-me à casa de uma "santa". Gostaria que vocês vissem como estou. Na maior mordomia. Até de nome mudei. Antes era Simba, hoje sou REX. Minha nova dona é um amor de pessoa. Preciso corresponder a esse amor e vou me esforçar para isso. Ah! O meu amigão, aquele que me trouxe para cá chama-se Siegmar. Meu muito obrigado a ele.
Esta é minha nova dona e a minha nova casa. Hoje eu sou feliz!


Rex.
Teresa Ibañez.

Um comentário:

  1. Tere, fiquei sem palavras.
    Realmente eu jamais teria uma idéia tão
    maravilhosa. Se o Simba Rex pudesse falar
    creio que é exatamente assim que colocaria
    as coisas pelas quais passou.
    Valeu, muito lindo mesmo.
    Sieg

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